martes, 12 de mayo de 2015

Guerra Junqueiro - o Melro

Guerra Junqueiro - Poesia sobre animais - Site de Leila Míccolis





O MELRO

          O melro, eu conheci-o:

Era negro, vibrante, luzidio,

          Madrugador, jovial;

          Logo de manhã cedo

Começava a soltar, dentre o arvoredo,

Verdadeiras risadas de cristal.

E assim que o padre-cura abria a porta

          Que dá para o passal,

Repicando umas finas ironias,

          O melro; dentre a horta,

          Dizia-lhe: "Bons dias!"

          E o velho padre-cura

não gostava daquelas cortesias.

O cura era um velhote conservado,

Malicioso, alegre, prazenteiro;

Não tinha pombas brancas no telhado,

          Nem rosas no canteiro:

Andava às lebres pelo monte, a pé,

          Livre de reumatismos,

Graças a Deus, e graças a Noé.

O melro desprezava os exorcismos

          Que o padre lhe dizia:

Cantava, assobiava alegremente;

          Até que ultimamente

          O velho disse um dia:

"Nada, já não tem jeito!, este ladrão

          Dá cabo dos trigais!

          Qual seria a razão

Por que Deus fez os melros e os pardais?!"

          E o melro entretanto,

          Honesto como um santo,

          Mal vinha no oriente

          A madrugada clara,

Já ele andava jovial, inquieto,

Comendo alegremente, honradamente,

Todos os parasitas da seara

Desde a formiga ao mais pequeno insecto.

E apesar disto, o rude proletário,

          O bom trabalhador,

Nunca exigiu aumento de salário.

Que grande tolo o padre confessor!

          Foi para a eira o trigo;

          E, armando uns espantalhos,

          Disse o abade consigo:

"Acabaram-se as penas e os trabalhos."

Mas logo de manhã, maldito espanto!

          O abade, inda na cama,

Ouvindo do melro o costumado canto,

          Ficou ardendo em chama;

          Pega na caçadeira,

          Levanta-se dum salto,

E vê o melro, a assobiar, na eira,

Em cima do seu velho chapéu alto!

          Chegou a coisa a termo

Que o bom do padre-cura andava enfermo;

          Não falava nem ria,

Minado por tão íntimo desgosto;

E o vermelho oleoso do seu rosto

Tornava-se amarelo dia a dia.

E foi tal a paixão, a desventura

(Muito embora o leitor não me acredite),

          Que o bom do padre-cura

          Perdera  o apetite!



       ***
Andando no quintal, um certo dia, 

Lendo em voz alta o Velho Testamento, 

Enxergou por acaso (que alegria!, 

          Que ditoso momento!) 

Um ninho com seis melros, escondido 

          Entre uma carvalheira. 



E ao vê-los exclamou enfurecido:

"A mãe comeu o fruto proibido;

Esse fruto era minha sementeira:

          Era o pão, e era o milho;

          Transmitiu-se o pecado.

E, se a mãe não pagou, que pague o filho.

É doutrina da Igreja. Estou vingado!"

E, engaiolando os pobres passaritos,

          Soltava exclamações:

          "É uma praga. Malditos!

Dão me cabo de tudo esses ladrões!

Raios os partam! Andai lá que enfim"

E deixando a gaiola pendurada,

Continuou a ler o seu latim,

          Fungando uma pitada.

Vinha tombando a noite silenciosa;

E caía por sobre a natureza

Uma serena paz religiosa,

          Uma bela tristeza

Harmónica, viril, indefinida.

          A luz crepuscular

Infiltra-nos na alma dorida

Um misticismo heróico e salutar.

As árvores, de luz inda douradas,

Sobre os montes longínquos, solitários,

Tinham tomado as formas rendilhadas

          Das plantas dos herbários.

Recolhiam-se a casa os lavradores.

Dormiam virginais as coisas mansas:

          Os rebanhos e as flores,

          As aves e as crianças.

Ia subindo a escada o velho abade;

A sua negra, atlética figura,

Destacava na frouxa claridade,

          Como uma nódoa escura.

E, introduzindo a chave no portal,

          Murmurou entre dentes:

          "Tal e qual tal e qual!

Guisados com arroz são excelentes."

          * * * * * *
Nasceu a Lua. As folhas dos arbustos

Tinham o brilho meigo, aveludado,

Do sorriso dos mártires, dos justos.

Um eflúvio dormente e perfumado

Embebedava as seivas luxuriantes.

Todas as forças vivas da matéria

Murmuravam diálogos gigantes

          Pela amplidão etérea.

São precisos silêncios virginais,

Disposições simpáticas, nervosas,

Para ouvir falar estas falas silenciosas

          Dos mundos vegetais.

As orvalhadas, frescas espessuras,

Pressentiam-se quase a germinar.

Desmaiavam-se as cândidas verduras

Nos magnetismos brancos do luar.


..................................................


..................................................

E nisto o melro foi direito ao ninho.

Para o agasalhar, andou buscando

Umas penugens doces como arminho,

Um feltrozito acetinado e brando.

          Chegou lá, e viu tudo.

Partiu como uma frecha; e, louco e mudo,

Correu por todo o matagal; em vão!

Mas eis que solta de repente um grito

Indo encontrar os filhos na prisão.

"Quem vos meteu aqui?!" O mais velho,

Todo tremente, murmurou então:

"Foi aquele homem negro. Quando veio,

Chamei, chamei Andavas tu na horta

Ai que susto, que susto!, ele é tão feio!

Tive-lhe tanto medo! Abre esta porta

E esconde-nos debaixo da tua asa!

Olha, já vão florindo as açucenas;

Vamos a construir a nossa casa

          Num bonito lugar

Ai! quem me dera, minha mãe, ter penas

          Para voar, voar!"

          E o melro alucinado

          Clamou:

                         "Senhor! senhor!

É porventura crime ou é pecado

          Que eu tenha muito amor

          A estes inocentes?!

Ó natureza, ó Deus, como consentes

Que me roubem assim os meus filhinhos,

          Os filhos que eu criei!

Quanta dor, quanto amor, quantos carinhos,

          Quanta noite perdida

          Nem eu sei...

          E tudo, tudo em vão!

          Filhos da minha vida

          Filhos do coração!!!

Não bastaria a natureza inteira,

Não bastaria o Céu par voardes,

E prendem-vos assim desta maneira!

          Covardes!

A luz, a luz, o movimento insano,

Eis o aguilhão, a fé que nos abrasa

          Encarcerar a asa

É encarcerar o pensamento humano.

A culpa tive-a eu! Quase à noitinha

          Parti, deixei-os sós

A culpa tive-a eu, a culpa é minha,

          De mais ninguém! Que atroz!

          E eu devia sabê-lo!

Eu tinha obrigação de adivinhar

Remorso eterno! eterno pesadelo!

.................................................

Falta-me a luz e o ar! Oh, quem me dera

          Ser abutre ou fera

Para partir o cárcere maldito!

E como a noite é límpida e formosa!

          Nem um ai, nem um grito

Que noite triste!, oh, noite silenciosa!"

E a natureza fresca, omnipotente,

          Sorria castamente

Com o sorriso alegre dos heróis.

          Nas sebes orvalhadas,

Entre folhas luzentes como espadas,

          Cantavam rouxinóis.

          Os vegetais felizes

Mergulhavam as sôfregas raízes

A procurar na terra as seivas boas,

Com a avidez e as raivas tenebrosas

Das pequeninas feras vigorosas

Sugando à noite os peitos das leoas.

A lua triste, a Lua merencória,

          Desdémona marmórea,

Rolava pelo azul da imensidade,

Imersa numa luz serena e fria,

          Branca como a harmonia,

          Pura como a verdade.

E entre a luz do luar e os sons das flores,

Na atonia cruel das grandes dores,

          O melro solitário

Jazia inerte, exânime, sereno,

Bem como outrora o Nazareno

          Na noite do calvário!

Segundo o seu costume habitual,

          Logo de madrugada

O padre-cura foi para o quintal,

Levando a Bíblia e sobraçando a enxada.

          Antes de dizer missa,

O velho abade inevitavelmente

          Tratava da hortaliça

E rezava a Deus-Padre Omnipotente

          Vários trechos latinos,

Salvando desta forma, juntamente,

As ervilhas, as almas e os pepinos.

E já de longe ia bradando:

                                 "Olé!

          Dormiram bem? Estimo

          Eu lhes darei o mimo,

Canalha vil, grandíssima ralé!

Então vocês, seus almas do Diabo,

Julgam que isto que era só dar cabo

          Da horta e do pomar,

E o bico alegre e estômago contente,

E o camelo do cura que se aguente,

Que engrole o seu latim e vá bugiar!

Grandes larápios! Era o que faltava

          Vocês irem ao milho,

          E a mim mandar-me à fava!

Pois muito bem, agora que vos pilho

Eu vos ensinarei, meus safardanas!

Vocês são mariolões, são ratazanas,

Têm bico, é certo, mas não têm tonsura

E, nas manhas, um melro nunca chega

Às manhas naturais de um padre-cura.

O melhor vinho que encontrar na adega

É para hoje, olé! Que bambochata!

Que petisqueira! Melros com chouriço!

          E então a Fortunata

Que tem um dedo e jeito para isso!

Hei-de comer-vos todos um a um,

Lambendo os beiços, com tal gana enfim,

Que comendo-vos todos, mesmo assim

Eu fico ainda quase em jejum!

E depois de vos ter dentro da pança,

          Depois de vos jantar,

Vocês verão como o velhote dança,

Como ele é melro e sabe assobiar!"

Mas nisto o padre-cura, titubeante,

          Quase desfalecendo,

Atónito de horror, parou diante

          Deste drama estupendo:

O melro, ao ver aproximar o abade,

          Despertou da atonia,

Lançando-se furioso contra a grade

          Do cárcere. Torcia,

Para os partir os ferros da prisão,

Crispando as unhas convulsivamente

          Com a fúria dum leão.

Batalha inútil, desespero ardente!

Quebrou as garras, depenou as asas

          E alucinado, exangue,

          Os olhos como brasas,

Herói febril, a gotejar em sangue,

Partiu num voo arrebatado e louco,

          Trazendo, dentro em pouco,

Preso do bico, um ramo de veneno.

E belo e grande e trágico e sereno,

Disse:

          "Meus filhos, a existência é boa

Só quando é livre. A liberdade é a lei,

Prende-se a asa mas a alma voa

Ó filhos, voemos pelo azul! Comei!" -

E mais sublime do que Cristo, quando

Morreu na Cruz, maior do que Catão,

Matou os quatro filhos, trespassando

Quatro vezes o próprio coração!

Soltou, fitando o abade, uma pungente

Gargalhada de lágrima, de dor,

E partiu pelo espaço heroicamente,

Indo cair, já morto, de repente

Num carcavão com silveiras em flor.

E o velho abade, lívido d'espanto,

          Exclamou afinal:

"Tudo o que existe é imaculado e é santo!

Há em toda a miséria o mesmo pranto

E em todo o coração há um grito igual.

Deus semeou d'almas o universo todo.

Tudo que o vive ri e canta e chora

Tudo foi feito com o mesmo lodo,

Purificado com a mesma aurora.

Ó mistério sagrado da existência,

          Só hoje te adivinho,

Ao ver que a alma tem a mesma essência,

Pela dor, pelo amor, pela inocência,

Quer guarde um berço, quer proteja um ninho!

Só hoje sei que em toda a criatura,

Desde a mais bela até à mais impura,

Ou numa pomba ou numa fera brava,

Deus habita, Deus sonha, Deus murmura!

............................................................

Ah, Deus é bem maior do que eu julgava"

E quedou silencioso. O velho mundo,

Das suas crenças antigas, num momento,

Viu-o sumir exausto, moribundo,

          Nos abismos sem fundo

Do temeroso mar do Pensamento.

E chorou e chorou A Igreja, a Crença,

Rude montanha, pavorosa, escura,

Que enchia o globo com a sombra imensa

Dos seus setenta séculos d'altura;

O Himalaia de dogmas triunfantes,

Mais eternos que o bronze e que o granito,

Onde aos profetas Deus falava dantes,

Entre raios e nuvens trovejantes,

Lá dos confins sidérios do infinito;

Esse colosso enorme, em dois instantes

Viu-o tremer, fender-se e desabar

          Numa ruína espantosa,

Só de tocar-lhe a asa vaporosa

Duma avezinha trémula, a expirar!

.................................................

.................................................

E, arremessando a Bíblia, o velho abade

Murmurou:

                "Há mais fé e há mais verdade,

          Há mais Deus concerteza

Nos cardos secos dum rochedo nu

Que nessa Bíblia antiga Ó Natureza,

A única Bíblia verdadeira és tu!..."
                                                                 Guerra Junqueiro
Do livro: "Primores da Poesia Portuguesa", org. J. Queiroz, Livraria Quaresma, 1913, RJ

lunes, 11 de mayo de 2015

Lew Welch: Círculo de hueso, poesía que prevalece

Lew Welch: Círculo de hueso, poesía que prevalece

“Círculo de huesos”: Sobre la poesía de Lew Welch traducida al castellano

En los versos de este autor norteamericano, perteneciente a la ‘generación Beat’, lo primordial fue la precisión y el nervio




 “Nunca pude hacer que nada funcionara y ahora estoy traicionando a mis amigos. No puedo sacar nada en claro, nunca pude. Tengo grandes visiones, pero nunca pude hacerlas coincidir con la realidad. Lo he consumido todo. Todo se ha terminado. Don Allen será mi albacea literario ―usad los manuscritos que tienen Gary (Snyder) y Grove Press―. Tengo 2000 $ en el Bank of America de Nevada City ―usadlo para cubrir mis asuntos y deudas―. No le debo nada ya a Allen G. ni a mi madre. Partí al suroeste. Adiós. Lew Welch”. 

[ME VI]

Me vi,
Un círculo de hueso
en el claro arroyo
de todo

y prometí
estar siempre abierto a todo
que todo
pueda fluir a través

y entonces escuché
“círculo de hueso” donde
el círculo es

la boca de una campana



THIS BOOK IS FOR MAGDA

Qué extraño placer obtienen los que
acabarían con mundos enteros,

CUALQUIER COSA
para terminar con nuestras vidas, nuestra
ociosidad salvaje?

Pero tenemos encantos contra su rabia –
debo seguir diciendo, “Mira,
si nadie intentase vivir así,
todo el trabajo del mundo sería en vano.”

Y de vez en cuando un hijo, una hija, lo escucha,

De vez en cuando un hijo, una hija
escapa.


CONFUSIÓN BÁSICA

Los que no pueden encontrar nada por lo que vivir,
Siempre inventan algo por lo que morir.

Luego quieren que el resto de nosotros
También muera por ello.

Estos, y un ejército de élite de miles de hombres,
Que no le hacen a nadie ningún bien, pero hacen
Mucho daño a algunos,
Siempre han recabado grandes sumas de todos.

Finalmente toda esta maquinaria
Trata de matarnos,

Porque tampoco moriremos por ella.


[YA SÉ, SE SUPONE QUE UN HOMBRE…]

Ya sé, se supone que un hombre debe llevar el pelo corto,
pero tengo el pelo hermoso.
Me gusta dejarlo crecer como una larga melena de bronce.

Con mis botas. Con mi camisa de lana azul.
Con mi rifle colgando al hombro
entre enormes rocas, en el barranco oscuro,

soy el espectro del semental ruano.
Leif Ericson.
La hermosa Niña Dorada!

En verano habitualmente me lo corto todo.
Lo hago yo mismo, con tijeras y un poco de Jim Bean.

Qué decepcionados quedan todos.

Pasan meses y meses antes de que puedan
preocuparse por mi peinado

y la brisa
es tan fresca

El libro “Círculo de Hueso”, edición bilingüe puede ser adquirida acá: Varasek Ediciones

Rosalía de Castro, feminista en la sombra





08/5/2015
Rosalía de Castro, feminista en la sombra
Biografía de Rosalía de Castro (1837-1885), poetisa. Hija natural de Teresa de Castro, perteneciente a una noble familia gallega y de un sacerdote, nunca superó del todo la crisis desencadenada cuando se enteró, a los quince años, de su procedencia ilegítima. Su primer libro de versos, "La flor" (1857), no será más que el comienzo de una obra en la que el amor desgraciado y la denuncia social serán temas recurrentes. Su importante producción poética se encuadra dentro del más claro y melancólico romanticismo. Además, colaboró de forma decidida en el renacimiento de la lengua gallega. Vídeo emitido en la serie documental "Mujeres en la historia" de TVE el 13 de abril de 2013.

Greguerias ilustradas por el fotógrafo Chema Madoz - RTVE.es A la Carta

Greguerias ilustradas por el fotógrafo Chema Madoz - RTVE.es A la Carta





   
Ana Gorría
11 de mayo a las 5:23
LA PALABRA ESTÁ EN JUEGO

V.V.A.A Conversaciones con jóvenes artistas. Continta me tienes.
Escritos sobre literatura infantil, los niños y los jóvenes. Walter Benjamin.
Homo ludens. Huizinga. Está en pdf en la red.
Los juegos y los hombres. Las máscaras y el vértigo. Roger Caillois.
Greguerías. Gómez de la Serna. Editorial Castalia.
http://www.rtve.es/alacarta/videos/programa/greguerias-ilustradas-fotografo-chema-madoz/628548/ Programa sobre Gómez de la Serna y Chema Madoz.
Nuevas greguerías. Ramón Gómez de la Serna / Chema Madoz. La fábrica.
El haiku japonés. Fernando Rodriguez Izquierdo. Hiperión.
El jaiku en España. Pedro Aullón de Haro. Hiperión.
Poesía fonética en Ars sonora
http://www.rtve.es/alacarta/audios/ars-sonora/ars-sonora-recital-poesia-fonetica-09-06-12/1432187/
Lenguaje del color. Sinestesia cromática en poesía y arte visual. Juan Carlos Sanz. Akal.
http://www.oulipo.net/ sitio oficial de Oulipo.
Ejercicios de estilo. Raymond Queneau. Cátedra.
Algo negro.Jacques Robaud. BAsarai.
El secuestro. George Perec. Anagrama.
Me acuerdo. George PErec. Berenice.
Sextinas. Ediciones Hiperión.
Joan Brossa. Escuchad este silencio", La Seca-Espai Brossa-
Ana Gorría
11 de mayo a las 5:23

LA PALABRA ESTÁ EN JUEGO

V.V.A.A Conversaciones con jóvenes artistas. Continta me tienes.
Escritos sobre literatura infantil, los niños y los jóvenes. Walter Benjamin.
Homo ludens. Huizinga. Está en pdf en la red.
Los juegos y los hombres. Las máscaras y el vértigo. Roger Caillois.
Greguerías. Gómez de la Serna. Editorial Castalia.
http://www.rtve.es/alacarta/videos/programa/greguerias-ilustradas-fotografo-chema-madoz/628548/



http://www.rtve.es/alacarta/videos/programa/greguerias-ilustradas-fotografo-chema-madoz/628548/

domingo, 10 de mayo de 2015

Versos de barro y muerte | Babelia

Versos de barro y muerte | Babelia | EL PAÍS

Versos de barro y muerte

 26 MAY 2014 




Destacamento de trabajo del Regimiento de Manchester del Ejército británico en Ancre (Serre, Francia) en marzo de 1917 / THE ART ARCHIVE / IMPERIAL WAR MUSEUM
Cualquier mañana de un 11 de noviembre en Londres es inolvidable. La mayoría de las personas, sin importar su edad, credo, nacionalidad o color de piel, salen a la calle con una flor roja en la solapa. Si alguno no la tiene o se le ha olvidado, ya habrá alguna organización caritativa que le dé una a cambio de donar unos pocos peniques o una libra. La pequeña amapola conmemora el armisticio de la I Guerra Mundial y la sangre derramada por muchos jóvenes británicos y de otras partes del mundo, cuya prematura muerte privó a la humanidad de talentos en las artes y las ciencias. También simboliza la vida que emerge en medio de la devastación de una guerra, la belleza que se impone al horror. Así lo vieron los soldados en la primavera de 1915 en los campos de batalla de Bélgica y así lo retrató una generación de imberbes poetas que pereció en las trincheras o sobrevivió solo para recordar el horror.
La idea de usar la bella amapola roja como símbolo de los caídos fue de Moina Belle Michael, una secretaria de la oficina central de la Asociación Cristiana de Jóvenes (YMCA) en Nueva York. Unos días antes del armisticio del 11 de noviembre de 1918, Moina leyó en una revista el poema We shall no sleep (No podremos dormir), más conocido por el título In Flanders fields (En los campos de Flandes),del oficial médico canadiense John McCrae, fallecido a principios de ese último año de contienda a causa de una neumonía. Tenía 45 años. Ese día, el 9 de noviembre, se celebró una conferencia en el YMCA, y Moina, inspirada por el poema, corrió a una tienda a comprar amapolas para repartir entre los asistentes y consiguió una veintena de flores artificiales hechas de seda en una gran tienda llamada Wanamaker’s (hoy Macy’s). En su autobiografía, tituladaThe miracle flower (La flor milagrosa), Moina Michael relata todos sus esfuerzos para convertir la amapola en el símbolo de los caídos. Su campaña en EE UU fue secundada en Europa por la francesa Anna Guérin, también secretaria del YMCA, que organizó las primeras ventas de flores para recaudar fondos para las viudas y huérfanos de los muertos en los más de cuatro años de guerra.
In Flanders fields, escrito en los primeros días de mayo de 1915, en medio de la segunda batalla de Ypres, tiene hoy la misma fuerza desgarradora que hace casi un siglo. Sus versos están entre los más representativos de un conjunto de poemas escritos por los jóvenes soldados que perdieron lo que les quedaba de inocencia y la vida entre el barro, el ruido, las ratas, los piojos y el hambre en los campos de batalla de Europa. Muchos se habían enrolado en la poesía georgiana antes de la contienda, otros eclosionaron y se apagaron en las trincheras. La mayoría escribe unos primeros versos henchidos de patriotismo e idealismo para luego reflejar el dolor y la podredumbre de la guerra de la forma más descarnada, desde la primera línea del frente y tras presenciar las espantosas muertes de sus camaradas y amigos a manos de las nuevas máquinas de guerra nacidas al albor de la revolución industrial y de las armas químicas. Había nacido la poesía antibélica moderna.
El poeta más significativo de todo este grupo por su ritmo, su profundidad y su técnica es Wilfred Owen. Se enrola en octubre de 1915 y muere en batalla apenas una semana antes de la firma del armisticio. Su poesía comienza a tratar los mismos temas que los demás: el horror, la agonía, la muerte con dolor. Pero muy pronto pasa de la descripción de la violencia a meditar sobre ella, a denunciar que una valiosa juventud estaba siendo sacrificada inútilmente. Tengo una cita con la muerte (Linteo, 2011), una antología bilingüe de poetas que perdieron la vida en la I Guerra Mundial, arranca con una cita de Owen: “Sobre todo no estoy preocupado por la poesía. Me ocupo de la guerra, y de la pena de la guerra. La poesía está en la pena”.
Owen escribió la mayoría de sus mejores poemas en un plazo de apenas dos meses en 1917 en un pequeño cuarto alquilado de una casita de campo próxima a un campo de entrenamiento militar en Ripon, en North Yorkshire. Fue después de pasar unos meses en el hospital Claiglockhart, cerca de Edimburgo, donde se recuperó de las heridas sufridas en el frente. Allí conoció a Sigfried Sassoon, y ese encuentro, según los estudiosos, fue clave en el cambio de rumbo que tomó la poesía de Owen. Hasta ese agosto de 1917, Owen había acumulado no pocas experiencias traumáticas en el frente francés, pero sus textos hasta entonces indican que creía que la guerra debía seguir librándose. Sassoon, en cambio, estaba ya comprometido con el pacifismo y asqueado con el cinismo de los políticos. En julio de 1917, en un comunicado muy subido de tono para un oficial británico, Sassoon critica abiertamente la “prolongación injustificada de la guerra” y opina que la contienda ya no era para “defender ni liberar nada”, sino un acto “de agresión y conquista”. En vez de ser sometido a un consejo de guerra por insubordinación, Sassoon fue internado en Claiglockhart y retenido allí para acallarlo con la excusa de interminables tratamientos contra los traumas del frente bélico.
Sassoon nunca fue más allá de los versos de protesta y, en cierto modo, lo reconoció en un poema llamado Testament (Testamento):“Oh mi corazón, cálmate; has agotado el llanto; has hecho tu papel”. Owen, aunque descarnado en sus versos, no llegó a comulgar con el pacifismo como Sassoon. El poeta de Oswestry (Shropshire) es profundamente patriótico y cristiano, y en sus versos no sólo describe el horror del combate, sino que reflexiona sobre el atropello de los valores que representan al héroe y el heroísmo. La I Guerra Mundial desfigura el concepto de héroe tradicional del que se nutre la literatura épica durante siglos. La fe en el ideal noble y la causa justa, la generosidad hacia el vencido, el reconocimiento de la superioridad del adversario; todo se derrumba ante la frialdad de las máquinas de guerra y el asesinato calculado y en masa. Owen da cuenta de la falta de espiritualidad en los campos de batalla en su poema Anthem for doomed youth (Himno a la juventud condenada): “¿Qué toque de difuntos para los que se mueren como reses?”.
El poema ‘En los campos de Flandes’, de 1915, inspiró el uso universal de la amapola para recordar a los caídos
Owen no solo es único porque relaciona como nadie la poesía y la guerra, sino porque sólo él fue capaz de escribir unos versos que describen el “encuentro” en el inframundo de un soldado con el enemigo al que había dado muerte la jornada anterior. En Strange meeting (Extraño encuentro), el poeta habla, escucha y aprende del militar alemán, que se convierte en un “amigo” en la muerte. Es uno de los poemas más inquietantes y complejos de Owen y uno de los más profundamente humanos de los redactados en la pequeña casa de Ripon, cuando el poeta ya sabe que en breve volverá a Francia con su regimiento de Manchester.
El 4 de noviembre de 1918, Owen muere abatido por los alemanes al intentar cruzar un canal en la localidad de Ors. Seis meses antes, a unos cien kilómetros de allí, el Frente Occidental se había cobrado la vida de otro gran poeta, Isaac Rosenberg. Nacido en el seno de una familia judía humilde de Bristol, fue uno de los pocos poetas que eran soldados rasos. No gozó de los privilegios de los oficiales y permaneció en el frente durante 21 meses con un breve periodo de permiso. El crítico y poeta Jon Silkin fue un ferviente defensor de Rosenberg como el verdadero gran juglar de la I Guerra Mundial.Break of day in the trenches (El romper del día en las trincheras),compuesto en plena batalla del Somme, es un ejemplo de la vívida e imaginativa poesía de Rosenberg, que aunque describe el horror de la trinchera como Owen, lo hace de una forma más impersonal y hasta con cierto desdén.
Quienes elogian el arte de Rosenberg por encima del de los demás poetas suelen argüir que él representa mejor que nadie el cambio que supuso el reclutamiento masivo del hombre corriente para librar una guerra. Hasta 1914, las grandes potencias de la época, y sobre todo Reino Unido, contaban con un ejército profesional para defender sus intereses lejos de sus fronteras. A lo sumo echaban mano de milicias locales afines, que solían ser la carne de cañón en las batallas. En la I Guerra Mundial, este desgraciado lugar en la primera línea de fuego fue ocupado por una tropa de obreros, comerciantes, oficinistas, desempleados y estudiantes impresionados por un espíritu patriótico avasallador. La mayoría de ellos no habían empuñado un arma en su vida y en poco tiempo fueron enviados al frente.
Para los editores de la colección de poemas Tengo una cita con lamuerte, Borja Aguiló y Ben Clark, la “verdadera poesía fruto de la Gran Guerra” es posterior a la batalla del Somme, una de las más largas de la contienda, que arranca el 1 de julio de 1916 y se prolonga hasta noviembre de ese mismo año. Es la más sangrienta en la historia del Ejército británico: sólo en el primer día de batalla mueren 20.000 británicos y al final de la misma son más de 400.000, incluyendo los soldados de otros países de la Commonwealth. “Es fascinante comprobar”, dicen los editores, “el cambio de tono y estilo que sufrieron algunos poetas”. Aguiló y Clark citan el ejemplo de William Hogson, que en agosto de 1914 escribe los heroicos versos deEngland to her sons (Inglaterra a sus hijos) y que durante la ofensiva del Somme, dos días antes de morir, compone Before action (Antes de entrar en la batalla): “Por todos los placeres que voy a perderme, ayúdame, Señor, ayúdame a morir”.
Catherine Reilly, una reconocida bibliógrafa británica, registró 2.225 escritores británicos que vivieron la experiencia de la I Guerra Mundial y escribieron sobre ella. Un cuarto de esa cifra eran mujeres: Vera Brittain, Eleanor Farjeon, Margaret Postgate Cole, Rose Macaulay, Charlotte Mew, May Sinclair, Edith Sitwell o Mary Webb, entre otras. Reilly las reunió en una célebre antología publicada en 1984: Scars upon my heart: Women’s poetry and verse of the First World War. Memorable es el poema Perhaps (Tal vez), que Brittain escribió para su novio Roland Leighton, muerto en el Frente Occidental en 1915. Leighton era el amigo de la niñez del hermano favorito de Vera, Edward, que fue abatido en el frente austro-húngaro en junio de 1918. Más o menos por la época en que Brittain escribió Perhaps, Postgate Cole redactó su célebre The falling leaves (Las hojas muertas). Postgate Cole era una convencida pacifista, feminista y socialista; y criticó la guerra y a los Gobiernos que la justificaron desde el estallido. En cambio, Brittain, como muchas de las poetisas de la Gran Guerra, empezó la guerra con la idea de que la contienda era necesaria y acabó como una ferviente opositora. Los trabajos más reconocidos de las mujeres aparecieron tras el armisticio de 1918 y reflejaron sobre todo el dolor de las vidas perdidas y la soledad de los que a su regreso no lograron rehacer sus vidas.
La poesía de la I Guerra Mundial, pese a su intensidad y calidad literaria, tardó años en ser debidamente reconocida por la crítica. La primera gran antología de poetas-soldados que vivieron la guerra de primera mano no llegó hasta 1964, cuando Brian Gardner publicóUp the line to death (Avanzando en el frente hasta la muerte), un hito de este género. Desde Brooke, Sassoon u Owen hasta otros escritores casi olvidados hasta ese momento, la obra incluye a 72 poetas, de los que más de 20 habían muerto en los campos de batalla. El trabajo de Gardner es el primero en transportar al lector desde el júbilo de los primeros días de la contienda hasta la amarga decepción antes del suspiro final.

miércoles, 6 de mayo de 2015

EL ORADOR (1928), por GOMEZ DE LA SERNA





Fecha final rodaje 00/00/1928
Sinopsis El escritor Ramón Gómez de la Serrna hilvana un monólogo humorístico sobre el monóculo sin cristal, los ruidos del corral y la importancia de la mano en el arte de la oratoria. 
Notas Diversas fuentes atribuyen la paternidad de esta peliculita al propio Ramon Gomez de la Serna o a Ernesto Gimenez Caballero.

domingo, 3 de mayo de 2015

“Diario de la tribu” y “Errante”, nuevas propuestas creativas de Álvarez Romero

“Diario de la tribu” y “Errante”, nuevas propuestas creativas de Álvarez Romero - Ferrol - Diario de Ferrol

El creador –derecha– durante el acto de ayer en el Ateneo jorge meis

El creador –derecha– durante el acto de ayer en el Ateneo jorge meis


El artista sevillano afincado en Narón Juan Manuel Álvarez Romero presentó ayer en el Ateneo Ferrolán dos propuestas, plástica y poética, reflejo de la intensa creatividad que experimenta en la actualidad.
Así, bajo el título de  “Diario de la tribu” inauguró una exposición de dibujos y figuras realizadas a partir del imaginario mundo literario y la influencia narrativa de Dante, Carlos Fuentes, Octavio Paz o Gabriel García Márquez, entre otros, y en sus palabras “la condición humana como fuente de inspiración”. Una muestra que podrá verse hasta el próximo 31 de mayo.
nómada
Asimismo, y con presentación de la poeta cántabra Cristina Fernández Sáinz-Maza, Juan Manuel Álvarez Romero aprovechó para dar a conocer en el Ateneo su tercer poemario, “Errante” (De la Maza), que forma parte, en este caso, “del recorrido nómada que todos realizamos a lo largo de nuestras vidas, y que conforma una antología de poemas elaborados en un trayecto vital”.
Incansable, sin darnos respiro, sin que la borrasca que nos gobierna lo impida, todo lo contrario, este sureño melancolico y apasionado, nos pone ante los ojos sus magnificas Y POÉTICAS composiciones pictoricas, que para mi, sin duda alguna, encierran una sabiduria que nos pone en contacto con las claves fijadas en la tierra, en las piedras, en las temblorosas y tercas pictografias que desde el origen nos orientan en la vida, hacia la buena muerte, LOS SAGRADOS TRAZOS DE LA CANCIÓN.
Grazas, amigo Juan Manuel Alvarez Romero.
Y la presentación fue acompañada por la lectura de sus poemas, sencillos y verdaderos, y así la ocasión de vernos los amigos bajo la brisa de la imagiacion emocionada.